domingo, 29 de março de 2015

Aspetos Culturais nos negócios e na liderança


A ABP Corporate Coaching e a M’Canizares, cientes da importância crescente da diversidade cultural nos negócios e na liderança, promoveram nos dias 06/03/15 e 12/03/15 dois seminários web, um em língua portuguesa e outro em língua espanhola, sobre esta temática. Nestes webinars participaram profissionais de diversos países, a saber: Brasil, Portugal, Moçambique, Cabo Verde, Argentina, Espanha e outros, tendo sido uma experiência única de interação e trocas de conhecimento sobre o tema da interculturalidade.

Em cada um destes webinars, executivos (ver apontamento curricular no final deste artigo) com vivência em multinacionais e expatriação foram convidados a compartilhar as suas experiências, e durante 1hora conhecemos alguns dos desafios interculturais da mobilidade ou da interação com equipas multiculturais, obtendo-se dicas específicas para uma preparação eficaz na internacionalização.

Desde sempre temos assistido a uma enorme mobilidade e interação do capital humano dos países de língua portuguesa e espanhola por todo o Mundo. No entanto, entendemos que este tema se torna hoje ainda mais marcante devido às evoluções das novas tecnologias. Hoje, as nossas Pessoas não terão que sair do seu país para que esta interação se efetive. E se antes poderíamos identificar claramente quem reunia o perfil para uma expatriação, hoje todos, sem exceção, terão que estar treinados para a interação multicultural.

As línguas portuguesa e espanhola encontram-se atualmente entre as 5 línguas mais faladas na internet. Provavelmente, muitos já se terão apercebido desta realidade. Contudo, a ABP e a M’Canizares como empresas prestadoras de serviços de formação / treinamento e coaching, tem observado que as empresas que procuram apoio para a internacionalização dos seus colaboradores continua a manter o foco em temas como a compensação e benefícios dos expatriados ou em aspetos logisticos. Não é comum que as empresas diagnostiquem necessidades de desenvolvimento desses colaboradores, preparando-os para a interação cultural ou mais especificamente para as nuances culturais que os negócios e/ou a liderança assumem, quer para colaboradores em processo de expatriação ou mobilidade, quer para todos os outros colaboradores que interagem regularmente com a multiculturalidade por ter relações com clientes e colegas de outras culturas. Temos expatriados, pessoas em mobilidade temporária, mas também colaboradores a gerirem equipas dispersas geograficamente, e colaboradores a atenderem clientes oriundos de outras partes do mundo.

O debate nestes 2 webinars gerou-se em torno de algumas questões, tendo-se retirado conclusões bastante interessantes:

·      Quais foram os principais desafios que enfrentou perante uma transferência de país?

O principal desafio apresentado pelos diferentes convidados foi o sentimento de incerteza, ou mesmo, a capacidade de sobrevivência perante a quebra de rotinas (ou ao caos). Todos foram unanimes ao apontar que o maior desafio na integração de uma cultura diferente passa por reencontrar novas zonas de conforto, onde o equilíbrio retorne, procurando-se simultaneamente descobrir códigos culturais ocultos no país de chegada, como por exemplo, entender a forma como as pessoas se relacionam.

Para ultrapassar este desafio, os nossos convidados sugeriram: preparação para a mobilidade do executivo, investigando tudo o possível sobre o país de chegada, tanto no que diz respeito à cultura do país, como obtendo-se informação sobre a cultura da organização que o acolherá; também poderá facilitar a procura do conforto de casa através da identificação de recursos locais.

Também foi mencionado o facto de esta preparação ser necessária, mesmo que a mobilidade seja para países que aparentemente são próximos. De facto, todos os convidados concordaram que as diferenças entre Portugal e Brasil são imensas, e que a vinda de alguém da América Latina para qualquer país da Europa pode trazer grandes desafios culturais e vice versa.

Neste ponto também foi curioso verificar que pessoas que tenham tido experiências de mudança de país ainda na sua infância têm a possibilidade de adquirir instrumentos facilitadores de integração para quando a necessidade surge novamente na sua vida adulta.

·      Que diferenças percebeu entre o modo de liderar equipas nos países com os quais atuou?

Algumas das diferenças percebidas foram:
ü  Diferenças na perceção do tempo – como exemplos: o tempo para pagamento a fornecedores; a condução de aspetos mais burocráticos; ou mesmo a relação do mercado e das expectativas;
ü  Diferenças na relação com a hierarquia e os títulos – a questão formal pesa mais numas culturas do que noutras.

Todos os nossos convidados concordaram que um aspeto essencial para o sucesso da mobilidade de cultura será a capacidade de entender a cultura de chegada, mas acima de tudo não procurar comparar culturas, ou seja, percecionar as culturas como diferentes, mas não sendo uma melhor que a outra.
  
·      Quais as competências (conhecimentos, habilidades ou atitudes) que entende como cruciais para que superasse os desafios de atuar com diferentes culturas?

As competências entendidas como essenciais para superar desafios interculturais, na perspetiva dos nossos convidados, são:
ü  Capacidade de socializar e interagir com pessoas do país de chegada (evitando a clausura em grupos locais de pessoas oriundas do país de origem);
ü  Flexibilidade e sensibilidade cultural – sensibilidade para as tradições, os ritos e os mitos da cultura de chegada, mas também para os dados demográficos (por exemplo: a expectativa de tempo de vida poderá estar relacionada com a capacidade de tomada de riscos);
ü  Capacidade de adaptação, e, posteriormente, de integração, conseguindo-se absorver a cultura do país de chegada;
ü  Humildade e abertura ao novo e a opiniões diferentes, não procurando ajustar o país de chegada ao país de origem;
ü  Capacidade de ajuste na comunicação;
ü  Capacidade de colocar as culturas em igualdade e não em hierarquia;
ü  Resiliência e capacidade de auto-motivação;
ü  Autoconsciência e autoanálise – pessoas bem resolvidas consigo próprias e com capacidade para promoverem a sua felicidade e bem-estar.
  
·      Se lhe pedissem um conselho sobre o que não fazer quando se está num desafio multicultural, qual seria o conselho que daria?

Os nossos convidados deixaram-nos os seguintes conselhos:
ü  Sermos nós próprios, não tentando camuflar a nossa identidade ao assumir estilos locais;
ü  Não se isolar em grupos de pessoas e do país de origem;
ü  Envolver a família no processo de mobilidade – envolver a família nas escolhas de todos os aspetos relacionados com a mudança, promovendo uma boa receção no país de chegada, mas também envolve-la na preparação para a cultura, para o clima, etc.;
ü  Entender o objetivo final do processo de mobilidade ou expatriação (para o caso da mobilidade ser superior a 2 anos);
ü  Prevenir o retorno da mobilidade / expatriação.
  
·      Existe algum tipo de suporte que as empresas poderiam oferecer aos expatriados ou líderes interculturais para facilitar ou acelerar a sua adaptação às diferentes culturas? Qual?

As empresas podem oferecer suporte aos seus colaboradores em mobilidade através de apoio na resolução de aspetos logísticos, como encontrar a casa, a qual será a sua primeira fonte de bem-estar quando deslocados, ou ao sinalizarem um colaborador no país de chegada que sirva de anfitrião e acompanhe o colaborador em mobilidade num primeiro mês. No entanto, todos os nossos convidados foram unanimes em referir que existem alguns programas que as empresas poderiam instituir não apenas para o expatriado, mas para todos os colaboradores que de uma forma ou de outra interagem frequentemente com pessoas de outras culturas.

De facto, a formação / treinamento e coaching intercultural foi apresentada como um dos melhores investimentos para a eficácia na integração cultural, investimento esse para o qual as empresas ainda não estão atentas, muito devido à falta de experiência a necessidades que se tornaram mais prementes com a globalização.

Estas intervenções teriam o propósito de preparar o colaborador em mobilidade, assim como a sua família, para a nova realidade, munindo-os de ferramentas como o idioma, a história, a posição geográfica, formas de se relacionarem, etc., para uma mais rápida integração. Mas a formação / treinamento e coaching intercultural poderão igualmente servir o propósito de uma aprendizagem continua, que facilite o acompanhamento antes, durante e após o processo de expatriação, ou de capacitar o executivo para entender os aspetos culturais quando tiver que gerir equipas multiculturais. Este tipo de intervenção poderá ser também útil para preparar a equipa que irá receber o gestor vindo de outra cultura.

As empresas também deverão saber identificar os perfis mais adequados para um processo de expatriação, e planificar cuidadosamente o retorno da pessoa em mobilidade.

A ABP Corporate Coaching e a M’Canizares deixaram, no final de cada webinar, alguns exemplos de aspetos a trabalhar em intervenções formativas ou de coaching, com base em investigações realizadas.

Segundo, Trompenaars & Hampden-Turner, todas as pessoas em qualquer parte do mundo podem ser confrontadas com 3 tipos de desafios:
- Relacionamentos com outros: como amigos, colaboradores, clientes ou chefias;
- Gestão de tempo e da idade;
- Relação com a natureza do mundo, como sendo benigna ou ameaçadora.

Dizem estes investigadores que existem 5 dimensões de como nos relacionamos com os outros:
1)      Universalismo vs particularismo (regras vs relacionamentos)
2)      Coletivismo vs individualismo (o grupo vs o indiviuo)
3)      Neutro vs emocional (o nível de sentimentos expressos)
4)      Difuso vs especifico (o nível de envolvimento)
5)      Realização vs atribuição (forma como o status é conseguido)

Qualquer uma destas 5 dimensões indicam a orientação que cada um valorizará, e, por essa razão irão influenciar a forma de fazer negócios e de liderar.

Todas estas especificidades poderão ser aprendidas, desenvolvidas e treinadas através de formação ou processos de coaching específicos e especializados. Requer exercícios de reflexão pessoal sobre aspetos que nunca tínhamos considerado antes, porque entendíamos como “a realidade” / “a verdade”, e depois desta autoanálise podemos então perceber como nos relacionarmos com os outros, tendo em consideração o seu perfil cultural.

Deixamos, a título de exemplo, algumas dicas a ter em conta para a primeira dimensão, quando fazemos negócio ou lideramos outros.

1)      Universalismo vs particularismo (regras vs relacionamentos)



  Fazer negócios com:
 
Quando liderando ou sendo liderado:

2)      Coletivismo vs individualismo (o grupo vs o indiviuo)


Hacer negocios con:
 
Como liderar en una cultura distinta:
Fonte: Trompenaars & Hampden-Turner (1997), Riding the waves of culture, Nicholas Brealey



Para fazer um teste sobre o seu perfil cultural, poderá aceder através do seguinte link:
A ABP Corporate Coaching e a M’Canizares encontram-se disponíveis para continuar o debate sobre esta temática e/ou para implementar soluções específicas, e damos a nossa garantia em continuar a promoção de intervenções com a utilização de plataformas web até agora bastante restritos à língua inglesa. Também estamos recetivos a quem queira partilhar connosco ideias ou projetos na temática dos negócios e da liderança intercultural.



Os intervenientes neste webinars:

Alexandra Barosa Pereira, sócia-diretora da ABP Corporate Coaching, empresa de serviços de Coaching e Formação de Talentos e Liderança com parcerias em todo o mundo. Os coaches da ABP têm como missão desenvolver potenciais, criando visibilidade a talentos, através do acompanhamento personalizado da liderança, de forma a criar envolvimento nas equipas, visite www.abpcoaching.com.

Meiling Canizares, sócia-diretora da M’Canizares, empresa que dedica a desenhar e aplicar soluções para desenvolvimento de pessoas e organizações. Oferece serviços de Coaching, Assessment, Mentoring, Formação de Lideranças e Projetos de Desenvolvimento Organizacional. Para saber mais, visite o site: www.mcanizares.com.br.

João Cachola, com carreira de mais de 20 anos, formado em Economia, ocupou cargos de gestão em logística, operações e vendas. Há cerca de 15 anos atua como CEO. Executivo de nacionalidade portuguesa e moçambicana, atualmente é CEO uma empresa de Construção e Obras públicas em Moçambique. Participou num dos primeiros processos de internacionalização com a expansão do Grupo Autosil para França. Foi Administrador de expansão e operações da rede IZI (DYY) em Espanha. Conduziu o arranque de uma empresa em Angola de distribuição a retalho. Participou na expansão de uma rede de distribuidores para produtos de construção no Brasil.

Alfredo Soares, formado em Ciências Atuariais, com pós-graduações em Estatística e Matemática Financeira, desenvolveu a sua carreira na área de remuneração, em uma empresa de consultoria global. Hoje ocupa a posição de Principal. De origem portuguesa, já morou nos Emirados Árabes e Arábia Saudita e hoje está alocado no Brasil. A sua experiência multicultural é diversificada, pois a sua função sempre o expôs aos 5 cantos do mundo.

Marcos Silva, brasileiro, formado em Administração de Empresas com pós-graduação em Gestão de RH, possui carreira de cerca de 15 anos em Recursos Humanos, ocupa hoje a posição de Gerente de RH da Fiat Chrysler Automóveis para Brasil e Venezuela. Profissional com experiência em grandes corporações como Gerdau, ArcelorMittal e Fiat Chrysler sendo 4 anos de experiência internacional no Luxemburgo. Atuação em equipas multiculturais de diversos países como França, Bélgica, UK, Índia, Holanda. Gestão de expatriados e reporte direto para a Itália.

Jaqueline Canuto, licenciada em Gestão de Empresas, pós-graduada em Estratégia Empresarial, Mestre em Marketing e doutoranda em Marketing. Docente Universitária em Portugal e Cabo Verde durante mais de 10 anos. Consultora de Gestão e de Marketing desde 2008;. É CEO de empresas em Cabo Verde em diversas áreas: automóvel (Alucar, S.A., Autoverde, S.A.), segurança privada (Silmac, S.A.), marketing (Wonders Consulting, Lda), cultura/entretenimento (ZeroPointArt - Praia), contabilidade (CGC, Lda), imobiliária (Alimóvel, Lda) entre outras. Presidente da ONDS - Organização Nacional de Diáspora Solidária. Mãe de 2 filhos.

Hector Sandoval, de Guatemala, Coach, Consultor y Formador en temas de liderazgo y gestión.  Ha desarrollado su carrera como ejecutivo en el sector de las aerolíneas internacionales, habiendo dirigido equipos y proyectos en más de 35 países, durante los últimos 28 años.  Su experiencia incluye puestos de responsabilidad directiva en áreas como operaciones, servicio al cliente, marketing, branding, recursos humanos, comunicación corporativa y gestión de crisis.

Antonio Ramallo, tiene 20 años de experiencia en Derecho Español, con Maestría y Doctorado en Derecho de la Empresa. Consultor en Derecho Extranjero por la OAB / SP. Nacido en España, con domicilio en Brasil. Socio Responsable del área de "Spanish Desk" en un importante bufete de abogados, ofrece servicio a clientes españoles y latinoamericanos en la defensa de sus intereses en Brasil.
  
André Friaça, licenciado en Contabilidad con post grado en Administración y especialización en Finanzas, cuenta con 30 años de experiencia en Finanzas y Controlling. De nacionalidad brasileña, ha ocupado el puesto de primer ejecutivo de Finanzas para América Latina en varias empresas multinacionales, habiendo sido expatriado a Suiza, Grecia y Venezuela.








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